A era dos aplicativos

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Hora do teste!
Pare por alguns segundos e tente adivinhar quantos aplicativos você possui no celular. Apenas chute, quantos você imagina? Dez? Cinquenta? Cem? Agora deixe esse texto de lado por um momento (tá aí algo que você não vê todo dia) e vai conferir sua resposta. Dependendo do seu celular, isso é bem fácil de fazer.
É sério, confere lá se você acertou.
Posso estar enganado, mas imagino que sua estimativa foi bem inferior ao número real, não foi?
Estamos na era dos aplicativos, somos quase servos deles. Se precisamos saber se vai chover, não mais olhamos os sites ou jornais, conferimos em algum app. Isso é válido para tudo: horário de ônibus, Uber, conversa, relacionamentos… A lista é infinita. A verdade é que há aplicativos para qualquer coisa. Apenas para ilustrar, acabei de descobrir que existe um app que te indica qual a melhor hora para ir ao banheiro no cinema durante algum filme. Não acredita? Procura por Runpee no Google. (Já é a segunda vez que te peço para sair do texto, vai ser um milagre se você chegar até o final).
Ok, e por que estou falando sobre aplicativos? O que isso tem a ver com escrever? Tudo. Absolutamente tudo.
Se você é alguém que gosta de escrever apenas com caneta e papel, está tudo bem. Não há nada de errado com isso. Estilo é algo totalmente pessoal e não existe um melhor que o outro. Esse texto, no entanto, será direcionado a quem usa (ou quer começar a usar) ferramentas que ajudem no processo de escrita. Esse é um texto muito pessoal, aqui estão alguns softwares que eu gosto de usar. Quer dizer que são os melhores? NÃO. São os que conheço.
Vamos começar do começo.

Editor de texto

É mais do que óbvio que, para escrever, você precisa de um editor de texto. Existem inúmeras opções por aí: umas gratuitas, outras pagas; simples e complexas. Falarei de algumas delas aqui.

Word: esse é meu favorito para formatar. Sem sombras de dúvidas. Com o Word eu consigo escrever meu texto e formatar de maneira relativamente simples todos os meus livros. Consigo até mesmo fazer uma boa diagramação e revisão textual. Sem contar as funções automáticas de títulos, sumários e referências que eu amo. A interface é bem limpa e fácil de navegar pelo menus. É um meio termo entre o simples e o complexo.

Bloco de notas: essa é talvez a opção mais simples. Você tem uma enorme página em branco onde pode escrever à vontade. Para escritores que preferem algo mais clean, essa é uma boa opção, já que tem poucas funções e, portanto, pouca distração. Você foca mais em escrever do que em editar.

Google Docs: é óbvio que uma das maiores empresas do mundo estaria nessa lista. O Docs é uma versão mais simples do Word e apresenta a grande vantagem de manter seu trabalho salvo na nuvem. Assim, você consegue acessar de qualquer lugar. O Docs possui algumas limitações que, para mim, o tornam uma péssima opção. Primeiro, há uma limitação quanto ao número de páginas que você pode escrever e baixar em PDF. Além disso, ele apresenta poucas funções de formatação, o que me faz optar pelo Word.

Scrivener: Meu xodó. Não fale mal do Scrivener perto de mim porque dá briga. Esse é um software pensado para se escrever livros. Nele você consegue separar sua história em diferentes janelas com base nas cenas, fazer fichas de personagens, descrição de cenários dentre outras opções. Leva um tempo até você se adaptar a ele, mas pode ser uma boa opção para quem gosta de elaborar uma estrutura complexa para o texto. Super indico para escritories arquitetes que tem toda a história preparada antes mesmo de começar a escrever. Apesar de amá-lo, odeio as opções de formatação dele. Por isso, concluo a digramação final no Word.

Organização

Se você gosta de armazenar detalhes da sua história em outro lugar além do texto, você provavelmente usa algum tipo de aplicativo para isso. Vou mostrar aqui duas opções que eu já usei.

Notion: O rei da organização. Minha vida pode ser facilmente dividida em antes e depois de começar a usar o Notion. Com esse software (gratuito e disponível para celular e computador), você consegue organizar TUDO da sua vida. Você pode criar tabelas, quadros, to-do lists, galeria de fotos, calendários de publicação, enfim, o céu é o limite. Eu armazeno todos os meus projetos e outlines (escaletas) aqui e consigo planejar as tarefas que irei fazer na semana, bem como o status de desenvolvimento dos meus textos. O Notion é realmente incrível.

Trello: Se você procura algo mais simples e com um formato de visualização fixo, talvez você possa preferir o Trello. Esse software (também gratuito e disponível em várias plataformas) se baseia na realização de tarefas no estilo Kanban. Você consegue armazenar muita informação nele, porém, não é possível navegar facilmente entre o conteúdo. Como ele se baseia na criação de cards, não é possível criar hiperlinks entre os diferentes quadros e projetos. Se você usa o Trello, recomendo testar o Notion. Eu era apaixonado por ele antes de conhecer o Notion.

Suporte

Vou recomendar alguns outros aplicativos que podem te ajudar a escrever.

Spotify:Não sei você, mas sou viciado em música. Não importa o que estou fazendo, sempre estou ouvindo alguma coisa. Para escrever não é diferente. E se você prefere ouvir algo mais calmo ou música ambiente, não tem problema, o Spotify possui muitas playlists orientadas ao foco e concentração.

Foco: Ficar longe do celular é um desafio para você? Peça ajuda a algum app! Existem vários aplicativos onde você consegue programar algum tempo para te impedir de olhar o smartphone. Dois que recomendo são o Forest (você cria uma floresta enquanto está concentrado) e o Tomato timer. Esse último utiliza a técnica pomodoro para concentração. Você estipula um tempo para focar e outro para lazer. Pode te ajudar a dar aquele gás na escrita e depois relaxar por alguns minutos.

Miro: Esse site é um imenso quadro. Nele você pode montar quase qualquer coisa. É ótimo se você precisa ter uma noção visual de alguma coisa. Eu o uso para montar a timeline das histórias que eu crio e também para montar mapas de opções para um projeto de história interativa que estou desenvolvendo.


Sei que esse foi um texto mais técnico e muito direcionado à escrita, mas é o tipo de texto que eu adoraria ter lido quando comecei a escrever. Portanto, se é esse o seu caso, aproveite ao máximo!

Arctic, dilemas e sobrevivência

Arctic é um filme islandês de 2018, dirigido pelo brasileiro Joe Penna, estrelando praticamente apenas três atores, sendo o protagonista interpretado pelo dinamarquês Mads Mikkelsen. Além de um exemplo de globalização, o filme é a própria definição de minimalista embora carregue muito mais em conteúdo narrativo e dramático do que a maioria dos filmes sobre sobrevivência.

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Quando cai a ficha

Quando descobri que eu queria ser escritor?

Dia 24 de março de 2020.
Foi nesse dia, para ser mais exato, na noite desse dia, que eu percebi que tinha algo muito errado na minha vida. Sabe aqueles momentos que são divisores de águas? Eu tenho certeza que, daqui a uns vinte anos, quando eu olhar para trás, ainda considerarei que aquela noite terá sido uma das mais importantes da minha vida. Mas o que diabos aconteceu de tão fenomenal naquele dia?
Simples, eu tinha acabado de escrever Clara, minha primeira novela.
Eu já tinha escrito dezenas de poemas antes daquele momento, tinha, até mesmo, escrito alguns contos, mas a conclusão da minha primeira novela foi algo muito marcante; pela primeira vez, eu tinha cruzado a marca de 20 mil palavras em um texto literário.
Ok, mas apesar da enrolação, eu ainda não expliquei porque eu senti, naquele instante, que tinha algo de errado na minha vida.
Vamos com calma.

Naquela noite, eu me senti vivo, como há muito tempo eu não me sentia. Foi uma experiência de pura Felicidade, de realização; como se cada passo que dei durante minha vida tivesse me levado até aquele momento. Eu estava vivo e conseguia sentir isso. Pode parecer algo bobo, sem sentido, mas vamos conversar aqui: quantas vezes você realmente sente que está vivo?
Muitas vezes levamos nossos dias no modo automático: acordar, trabalhar, dormir. Depois de repetir o ciclo por cinco ou seis dias, tem uma pausa para descansar e reiniciar o trabalho. É raro a gente parar e sentir que estamos vivos, que temos controle sobre alguma coisa. Acho que esse é o motivo que leva as pessoas a praticarem esportes radicais, buscar essa sensação de plenitude. Foi isso o que senti naquela noite, a diferença é que eu estava na segurança do meu apartamento e não caindo em queda livre contando que o paraquedas iria funcionar.
Eu não sei muito bem como explicar aquela sensação. Foi o momento que eu percebi que eu consegui trazer à vida personagens que antes só existiam na minha imaginação. Antes eram ideias, após a conclusão da novela, eles eram reais: existiam, levavam sua vida, tinham seus problemas e sentimentos. Léo, Manu e Ariel se tornaram tão reais para mim quanto eu mesmo, meus amigos e familiares. A única diferença — pequeno detalhe — é que eles viviam em um mundo diferente do meu.

Capa de Clara, novela YA publicada na Amazon


Naquele momento, eu me senti um criador, alguém que transformou uma ideia em um agente causador de emoções. Quem lesse minha história mergulharia em um mundo que eu criei, e experimentaria as emoções dos meus personagens. Essa sensação de poder impactar tão profundamente a vida de alguém que eu provavelmente nunca conheceria de outra forma me inundou e me mostrou que tinha algo muito errado com a minha vida. Eu tinha 29 anos. Como assim era a primeira vez que eu me sentia daquela forma? Isso me levou em uma profunda análise existencial.
Após sentir aquele turbilhão de emoções, eu percebi que era aquilo que eu queria para a minha vida. Era aquilo que me fazia verdadeiramente Feliz. Não me entenda mal. Eu não era uma pessoa triste antes daquela epifania. Nunca me considerei alguém infeliz, pelo contrário, conquistei muitas coisas durante a vida das quais sou muito orgulhoso, mas ainda assim, aquela sensação era algo novo, algo poderoso, algo que eu queria — precisava! — que se tornasse mais comum.
Eu fui feliz na minha graduação, tive momentos de felicidade durante meu mestrado, mas eram felicidades diferentes, superficiais. Era quase como se eu estivesse experienciando a vida através de resumos, vendo trailers, lendo sinopses e ouvindo trechos de músicas. E de repente, eu percebo que existem os filmes, os livros, as discografias. Consegue entender?
Eu era um imenso quebra-cabeça, havia várias partes montadas, mas elas não se conectavam. Faltavam aquelas peças-chaves que faziam tudo ter sentido. Eu encontrei o que eu nem sabia que estava procurando e percebi que aquilo era indispensável para a minha Felicidade.
Após esse momento mágico, veio o choque de realidade. Imagino que você não vive em uma bolha e sabe que viver da escrita no Brasil não é algo fácil. Eu já tinha planejado como seria minha vida, com o que queria — ou achava que queria — trabalhar, mas depois de finalizar Clara, eu vi que eu estava indo para um lugar de conforto, não exatamente o que eu desejava. Eu tinha seguido com a maré, havia sido arrastado para uma praia até bem bonita, mas não era bem a ilha paradisíaca que eu buscava. Isso me trouxe pensamentos conflitantes. O que fazer?
Os meses que se seguiram àquela noite do dia 24 de março foram repletos de pesquisa e aprendizado. Usei e abusei do meu amigo Google e descobri que a vida de escritor no Brasil é muito mais complicada do que eu tinha imaginado. Para viver de royalties de vendas de livros, o autor precisa vender MUITO. Não sei se você sabe, mas a publicação pelas editoras tradicionais (a maioria dos livros que você compra), gera ao autor apenas cerca de 10% do valor de capa. Você não leu errado. Sabe aquele livro mega caro que você comprou? Aquele de R$ 60,00? O autor recebeu por volta de R$ 6,00. Por isso o autor tem que vender muito.
Qual a alternativa então? Bom, existem várias. O escritor pode trabalhar com revisão, diagramação, criação de roteiros e coisa do gênero. Além disso, muitos optam por criar conteúdo que agreguem aos livros que estão escrevendo, uns vão para o YouTube, outros, Instagram, e tem os que preferem os blogs.
A realidade é que muitas vezes o escritor precisa se manter em algum emprego não relacionado com a escrita para poder conseguir pagar as contas. A partir daí vem escolhas e decisões difíceis de serem tomadas.
Eu decidi sair da engenharia química. Não era o que fazia meus olhos brilharem. Com isso, não consegui mais pagar minhas contas e precisei retornar para a casa da minha mãe. Eu encaro isso como um recuo estratégico até eu poder me manter com o salário que eu conseguir com a escrita. Entendo que estou em uma posição privilegiada por poder fazer isso e não recomendo ninguém a deixar o emprego para seguir a carreira na escrita. Cada caso é um caso.
Depois daquela noite do fim de março, uma certeza passou a me acompanhar sempre: eu vou continuar na escrita. Quanto a isso não há a menor dúvida. A sensação de concluir um livro ainda é a coisa mais pura, mais revigorante que já senti. E devo confessar que vicia.
Percebi, depois de muito tempo, que simplesmente viver não era o bastante. Não para mim.
Uma das perguntas que as crianças mais gostam de fazer é a seguinte:

se você pudesse escolher, qual o superpoder você gostaria de ter?

Desde que consigo me lembrar, a minha resposta é a mesma: voar. A liberdade, o vento no rosto e a possibilidade de ter o mundo inteiro ao seu alcance são coisas que sempre me encantaram. Talvez por isso a escrita seja algo tão essencial para mim. Como disse um dos expoentes da literatura latina:

“narrar é talvez o estado humano mais parecido com a levitação”.

Gabriel garcia márquez


Que a partir de agora, eu consiga voar cada vez mais alto.


Esse texto resume um pouco a sensação que tive e que me fez mergulhar de vez na escrita. Escrevi na esperança que ele possa te ajudar de alguma forma ^^

King Arthur e a lenda da adaptação

King Arthur: Legend of the Sword é uma épica super produção de 2017. O filme é principalmente sobre esses dois personagens que figuram no título e a relação entre eles: Arthur e a Espada Excalibur. O interessante para mim do filme, no entanto, vai muito além do conteúdo.

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O Despertar de Cthulhu em Quadrinhos

Já de há muito tempo que queria ler uma série de histórias em quadrinhos brasileiras publicada pela Editora Draco. Falo de três HQs coloridas lançadas em 2019, cada uma contando com uma inspiração literária diferente. A primeira que li se inspira em Lovecraft e nos mitos (se realmente forem apenas mitos) de Cthulhu. Todas as histórias são apresentadas em apenas três cores: preto, branco e verde.

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Revolver e o Ego

Revolver é um longa metragem de 2005 co-escrito e dirigido por Guy Ritchie. Embora seja uma espécie de thriller/filme de crime, eu consideraria como um tipo de cult psicológico também. O filme conta a história de Jake Green, um inteligente jogador de cartas que descobre, após 7 anos na solitária da prisão, uma fórmula para ganhar qualquer jogo. No entanto, ele acaba se tornando alvo do gangster que o mandou para a prisão, não pela fórmula, mas sim pela promessa de vingança de Jake.

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Realidades Adaptadas – Philip K. Dick

Realidades Adaptadas é uma coletânea de contos de Philip K. Dick escritos nos anos 50 e 60 principalmente. Dick foi um escritor muito adaptado para o cinema, sendo Blade Runner (1982) o expoente dessas adaptações, inspirado em “Do Androids Dream of Electric Sheep?”. Fluido em suas narrativas e visceral em descrições, o autor mostra nos sete contos do livro tantas dúvidas e questionamentos como se poderia esperar de um grande nome da ficção científica.

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Novidades da 42 Arts

Após muito tempo sem atualizações, estou aqui apenas para relatar o que já pode ser observado nos últimos anos. A 42 Arts não tem lançado mais aplicativos e nem notícias não é por estar preparando um grande projeto. Na realidade, os aplicativos deixaram de ser uma prioridade para mim, tendo em vista outros objetivos.

Recebo eventualmente emails solicitando novas versões dos aplicativos lançados ou novos jogos. Alguns emails, inclusive, sugerindo parcerias. Entretanto, não tenho planos de retornar à produção de aplicativos tão cedo. Mas agradeço a todos os interessados!

O que é ser escritor?

Um homem branco, por volta de uns quarenta anos, sentado na frente de uma máquina de escrever, um copo de café ao lado e a fumaça de um cigarro subindo em uma lenta espiral. Essa descrição, além de revelar vários preconceitos — dentre eles o machismo e racismo — persistiu por muito tempo no imaginário popular sempre que a palavra escritor era mencionada.
Ser escritore era algo para poucos.
A dúvida, no entanto, permanece: o que é ser escritore em 2021?
Há várias formas de tentar responder a essa pergunta. Se tentarmos uma abordagem mais filosófica, podemos usar uma frase do José Saramago (meu escritor favorito) que diz o seguinte:

“Na minha opinião, ser escritor não é apenas escrever livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção.”

José Saramago

Bonitas palavras, mas o que ele quis dizer com isso? Traduzindo em miúdos, que a escrita não é apenas um gesto mecânico e repetitivo, mas sim uma forma de olhar para o que nos cerca e traduzir o que vemos com as nossas palavras. Muitas vezes o que vemos não nos agrada, por isso precisamos tomar uma atitude. Será que consigo transformar o que vejo em uma crítica e introduzi-la em uma história? Se você já leu algum livro do Saramago, sabe que ele fazia isso como ninguém.
Apesar de gostar dessa definição, acho ela um pouco idealizada. Ela pode soar um pouco vaga e nada prática. Em um outro extremo, temos Ernest Hemingway que disse que para você ser escritore:

“Tudo o que você precisa fazer é se sentar em frente da sua máquina de escrever e sangrar”.

Ernest Hemingway

Concordo que é algo pesado, mas gosto dessa visão mais orgânica, mais carnal do Hemingway. Para ser escritore, você precisa escrever. É isso. Simples e direto. Escreva e escreva tanto que chegue a sangrar. A prática leva à perfeição, não era esse o ditado? Com a escrita não tem porque ser diferente.
Ray Bradbury, autor de Fahrenheit 451, concordava com Hemingway. No prefácio do seu livro Zen e a arte da escrita, onde são reunidos diversos ensaios sobre a escrita, ele compara um pianista ao escritor:

“Lembre-se do pianista que dizia que, se ele não praticasse todos os dias, ele saberia; se não praticasse por dois dias, seus críticos saberiam; se não praticasse por três dias, seu público saberia.”

Ray Bradbury

Dessa forma, a melhor maneira de se tornar escritore, é escrevendo diariamente. Sei que nem sempre conseguimos ter um tempo do dia para escrever, mas tente colocar metas pequenas, quem sabe escrever 500 palavras por dia? Caso não consiga escrever em um determinado dia, tente, pelo menos, pensar na sua história. Como será a próxima cena? Desenvolvi bem o personagem X? Esses exercícios, por mais simples que possam parecer, já ajudam a manter você focado na escrita.

Dito isso, passemos para o próximo tópico. Apenas escrever todo o dia é suficiente? A reposta, como imagino que você tenha pensado, é: não. Sempre que pensamos em fazer algo, queremos fazer esse algo com qualidade. Note que fazer bem-feito é diferente de ficar buscando uma perfeição e nunca fazer. Não precisamos começar a escrever como Machado de Assis, mas também não precisamos escrever o pior texto do universo. É importante começar com alguma base e a forma mais natural para se adquirir esse fundamento é através da leitura.

Você consegue pensar em artistas que não consome arte? Uma pintora que não gosta de ver quadros, um músico que não escuta música, uma atriz que não assiste filmes ou peças de teatro? Difícil imaginar, né? Da mesma forma, não faz sentido ser escritore, sem antes, ser leitore. Através da leitura é possível aprende a construir sentenças e a estruturar uma narrativa, além de ser uma maneira de sempre manter a imaginação ativa. Você não precisa ser expert em gramática para começar a escrever — apesar ser importante saber o mínimo para que a leitura do seu texto não seja dolorosa —, mas certamente você precisa saber como uma história é contada. A melhor forma de descobrir isso é devorando os mais diversos tipos de livros. Isso se aplica a livros técnicos sobre a escrita. Indicarei alguns no fim desse texto.

Ok, você já sabe que escritore é um ser que escreve continuamente e tenta passar a sua visão de mundo através das palavras e, para isso, elu lê muito a fim de ter uma noção do que está fazendo. Mas o que vem depois que o texto está pronto?
O próximo passo é revisar a sua história. Contrate um revisor profissional, caso tenha essa possibilidade, e chame leitories para serem seus beta-readers. Elus te ajudarão a elevar o nível do seu trabalho e a apontar erros que você dificilmente perceberia.
Após a revisão, divulgue! Estamos na era da informação. Hoje é mais fácil que nunca fazer com que seu texto seja lido por outras pessoas. As revistas e editoras — apesar de ainda serem ótimas alternativas — não são mais as únicas opções. Publique no Wattpad, crie um blog, ou se preferir, escreva no Medium. Caso já tenha um livro pronto, existem várias opções para auto publicação. Farei um texto sobre isso no futuro, então sem spoilers.

Agora, darei algumas dicas mais gerais se você quer se tornar ume escritore.

  • Estude sempre. Não precisa ser uma faculdade, apesar de os cursos de letras e jornalismo serem ótimas opções caso você queira pular de cabeça na escrita. O estudo, ao qual me refiro, vai além da graduação: leia, assista vídeos sobre escrita, faça cursos online, ouça podcasts! O que mais temos hoje são opções de estudar sobre qualquer assunto. E tire um tempinho para entender melhor sobre como funciona o mercado editorial, caso esteja pensando em publicar seu livro no futuro.
  • Crie o hábito de escrever sempre. Estou repetindo isso aqui, caso você ainda não tenha percebido a importância desse ponto. Uma jogadora de futebol não aprende, de uma hora para a outra, a ser uma boa atleta. Tem uma frase que eu gosto bastante que diz algo como: o sucesso da noite para o dia às vezes demora dez anos. Existem exceções? Claro, mas acho que você pegou a ideia. Então, tire um tempinho (nem que seja meia hora) do seu dia para escrever.
  • Comece um blog ou diário. Isso te ajudará a ter conteúdo para escrever mesmo quando estiver com bloqueio criativo na história na qual você está trabalhando.
  • Por fim, converse com escritories. As redes sociais estão aí para isso. Conversar com pessoas que estão passando por experiências parecidas com as suas pode te ajudar a ter ideias e a se tornar ume profissional melhor. Sem contar o networking que você faz no processo. Só vantagens.

Não desanime da escrita. Se é algo que você gosta, se é algo que você quer fazer, vai fundo! Tenha sempre em mente qual o motivo que te move. Pense sempre no porquê você escreve. A escrita, apesar de todo aquele sangue que o Hemingway disse, deve ser algo prazeroso, reconfortante, que mostre ao mundo a sua forma de enxergá-lo. Para mim, escrever é uma rota de escape, o único momento onde estou vivendo com o máximo de intensidade. Como disse o aqui já citado Bradbury:

“É preciso se embriagar da escrita para que a realidade não nos destrua.”

Ray Bradbury

Algumas sugestões de materiais
Livros sobre escrita:
Para ler como um escritor – Francine Prose.
Zen e a arte da escrita – Ray Bradbury.
Sobre a escrita – Stephen King.
Misery — Stephen King (é um romance, mas aborda muitos pontos sobre o processo de escrever).

Canais no YouTube
ShaelinWrites (inglês)
Abbie Emmons (inglês)
Writing with Jenna Moreci (inglês)
Henri Bugalho — Vlog do escritor (vídeos antigos)
Pam Gonçalves (vídeos antigos)

Lives na Twitch
Canal da babi Dewett (ela fala muito sobre mercado editorial e compartilha dicas para escritories

Podcast
Curta ficção

The Soloist, discriminação e livre arbítrio

The Soloist é um drama norte-americano de 2009 que contou com Jamie Foxx e Robert Downey Jr. O filme é uma adaptação da história de um jornalista em busca de uma matéria para sua coluna de jornal e que descobre um morador de rua com grandes talentos musicais. Foi inclusive transformada em um livro alguns anos antes.

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