“Medicine man” é um filme norteamericano de 1992 que conta a história de um médico, Campbell, isolado em uma tribo indígena na floresta amazônica. Ele recebe a visita de uma bioquímica, Rae Crane, funcionária da mesma indústria farmacêutica que financia a pesquisa dele. Ela vem cobrar resultados e se espanta quando ele diz ter encontrado a cura para o câncer. Entretanto, os resultados estão difíceis de replicar e talvez a cura se perca para sempre.
O filme permanece infelizmente atual, mostrando o médico pressionado pela indústria que quer resultados vendáveis. Com cenário aparentemente na floresta amazônica brasileira, o longa metragem mostra duas ameaças não apenas ao trabalho do Dr. Campbell mas também à aldeia indígena onde está vivendo: a primeira é o desmatamento, com queimadas e derrubadas de árvores feitas durante a noite e que avançam da vez mais; em segundo lugar há o risco de epidemia que surge quando pessoas de fora vão para a aldeia, no caso a Dra Crane. Desde 1992, aparentemente nada mudou.
Embora o filme pule importantes etapas do processo científico e ignore questões éticas, mostrando Campbell já fazendo testes em humanos após poucos testes em animais, em um ambiente nada controlado e totalmente contaminado (a solução de água e açúcar que eles usam para calibrar os aparelhos, por exemplo, é feita com o mesmo açúcar que é consumido no dia-a-dia), ainda assim é uma forma de representar os esforços dos homens da ciência. De certa maneira, eu entendo que um filme excessivamente real seria muito enfadonho pois os trabalhos científicos andam a passos curtos no desenvolvimento de teses e busca de resultados. Por isso, essa alegoria enxuta não me parece algo tão terrível, apenas beira a fantasia.
O filme conta com José Wilker em um papel secundário, algo que achei muito louvável por contratarem um ator brasileiro e não um ator latino em geral. Mas não duvidaria que pudesse ter me deparado com um ator chileno falando em espanhol. Apesar disso, um fato curioso mas não estranho é que, segundo a Wikipedia, o filme foi filmado no México.
Arte em Progresso 