O Rei Amarelo em Quadrinhos


O Rei Amarelo é mais uma coletânea de história em quadrinhos da Editora Draco. Semelhante a “O Despertar de Cthulhu”, também conta com apenas três cores, mas agora são branco, preto e amarelo. Inspirada no livro “O Rei de Amarelo” de Robert W. Chambers, as oito histórias dessa HQ tratam da peça fictícia homônima capaz de inspirar loucura em quem a lê. Quando escreveu os contos que compuseram seu livro, Chambers citou tal peça sem nunca descrevê-la totalmente ou redigir mais do que poucas frases e nomes que a compunham. Esse mistério serviu de inspiração para H. P. Lovecraft em seus mitos de Cthulhu, trazendo sempre livros e conhecimento de certa maneira proibidos, pois sua leitura seria capaz de trazer insanidade a mente do leitor.

As histórias dessa HQ, comparativamente as de “O Despertar de Cthulhu”, parecem de um tema mais intimista, lidando com a loucura como um evento totalmente dependente da leitura da peça fictícia. Não há aqui criaturas alienígenas (como no anterior) e nem uma temática tão repleta de frutos do mar, mas sim uma perspectiva onírica e surrealista. Alguma espécie de horror corporal está presente mas não necessariamente vinculada a um ritual coletivo. As vezes o horror é pessoal e a sensação de estar se perdendo num mundo de mudanças abruptas é mais palpável. Não achei a cor amarela tão chamativa como a verde foi no anterior, trazendo um aspecto para mim muito mais doentio do que agressivo.

De maneira semelhante a meu texto anterior, não creio que narrar cada história seja construtivo neste texto, mas cito os destaques para mim. O roteiro de A Boneca e de Caninos ganha destaque pela morbidez, mas acho que Maldita Rotina expressa de forma bem mais crua uma loucura solitária, violenta e assustadora. Os traços de Fantasmas na Máquina para mim foram os mais interessantes pelos toques surreais.

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