Avatar, a Cidade perdida de Z, a selva e o homem


Quando assisti na sequência Avatar, filme de 2009, e A Cidade Perdida de Z, de 2016, não imaginei que fossem tratar de temas tão semelhantes. O primeiro longa metragem é uma super produção, inovadora em computação gráfica, que traz atores famosos, vencedor de Oscar e tudo o mais. O segundo é um filme que tem um maior enfoque na história de vida de um homem e de sua família, bem como em sua luta por reconhecimento.

Entretanto, ambos trazem um elemento instigante para a trama: a selva. Aqui eu consigo interpretá-la como o desconhecido, sabidamente inóspito, potencialmente mortal, desconfortável e desesperador. Entretanto, nessa selva há mais um elemento comum: uma ou mais tribos que veem suas terras invadidas e lutam de alguma maneira contra o homem explorador que está ali para drenar riquezas.

Em Avatar vemos um futuro razoavelmente distópico, mas que permite com sua tecnologia coisas tão incríveis quanto controlar um outro corpo por conexão neural a distância. Há aqui um interesse empresarial em saquear riquezas de uma floresta e destruir uma espécie que ali tem sua morada. Entretanto, com muitos efeitos especiais, eventos místicos, uma ajuda interna de alguns dos próprios exploradores, a luta se torna mais equilibrada até termos um final consideravelmente feliz.

Já n’A Cidade Perdida de Z acompanhamos um explorador que vê a selva como uma oportunidade de descobertas e de galgar o reconhecimento que deseja para o nome de sua família. Muito mais realista, no filme vemos o sofrimento causado aos habitantes da floresta mas sabemos que, ao contrário da fantasia, aqui pouco será feito para proteger essas pessoas.

Dessa maneira, é perceptível o paralelo entre as tramas, mas que traz um desenrolar e um final extremamente diferente quando se aproxima ou se afasta da fantasia. Seria muito diferente se os índios não tivessem sido dizimados e expulsassem o homem branco de suas florestas como ocorre em Avatar. Pareceu para mim que sob a camada de fantasia visual de James Cameron fica um alerta para o sofrimento do povo que se vê invadido e subjugado. Mas continuamos indo ao cinema, vemos esses filmes e claramente torcemos para os habitantes da floresta, sem pensar muito que estamos na verdade do lado dos invasores. Nestes tempos tão perturbados e confusos, sequer sabemos o que fazer quanto a isso, então torcemos na fantasia por criaturas fantásticas e consentimos com a destruição das reais, sentindo-nos ameaçados demais pela selva e por nossa própria sociedade para fazer qualquer coisa.

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