O Homem que Ri e o sorriso

“O Homem que Ri” é um filme mudo norteamericano de 1928 baseado no livro homônimo de Victor Hugo. Fortemente inspirado no expressionismo alemão, a trama mostra a história de Gwynplane, homem cujo rosto deformado exibe um sorriso que não pode ser desfeito.

Logo no início do filme vemos o rei James II sentenciando seu inimigo Lord Clancharlie a morte, mas não sem antes dizer a ele que vendera seu filho a um cigano que lhe fez uma cirurgia para que sempre sorrisse. A criança, deformada, é deixada para morrer quando os ciganos são exilados da Inglaterra. Sem muita perspectivas e agora com 10 anos, Gwynplane encontra uma mulher morta em um campo de enforcados. Ela segura um bebê e ele morrerá de hipotermia se continuar lá. Ele a salva e encontra o charlatão Ursus, que os adota. Quando adultos, apaixonados um pelo outro, Gwynplane e a bela Dea desejam se casar, mas por ser descendente de um nobre, ele poderá herdar a fortuna do pai e mais uma vez o dinheiro pode mudar todas as relações.

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O mito de Sísifo – Albert Camus

O Mito de Sísifo é um ensaio filosófico de Albert Camus escrito em 1941 e que escancara a filosofia do Absurdo e golpeia o leitor com um dos maiores socos dentre os socos. Questões relacionadas ao suicídio, ao sentido da vida, a submissão moral e ao viver consciente da própria morte são alguns dos temas pesados o suficiente para tornar essa leitura revolucionária.

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O Estrangeiro – Albert Camus

Depois de tantos “memes filosóficos” com referências a Albert Camus, muitos deles abordando especialmente sua obra O Mito de Sísifo, resolvi ler alguma obra do autor para entender melhor o humor. Não imaginava eu, porém, o quanto essa leitura se revelaria muito menos casual do que eu queria e muito mais revolucionária. Afinal, fui desavisado pois nada sabia sobre Camus e sua obra.

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A franquia Alien, a sexualidade e a morte

Alien é um filme icônico de 1979, talvez embalado pelo sucesso da ficção científica de Star Wars de 1977, mas que se tornou uma referência na ficção científica de terror. A franquia gerada pelo longa metragem contou com sequências – Aliens (1986), Alien 3 (1992) e Alien Resurrection (1997) – e, mais recentemente, filmes que se passam no mesmo universo – Prometheus (2012) e Alien: Covenant (2017) – e que tem o xenomorfo como ponto em comum. Há ainda dois filmes que fazem o crossover entre a franquia Alien e Predador.

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Demônios da Goetia em quadrinhos

O ultimo volume da trilogia em quadrinhos é Demônios da Goetia. Inspirada nos 72 demônios descritos no sistema mágico atribuído ao Rei Salomão, a coletânea conta com oito histórias em preto e branco, tingidas com tons infernais de vermelho. Comumente, um vermelho de sangue bem arterial, que jorra e mancha as páginas. Diferente dos anteriores, agora há um apelo visual ao visceral e sanguinário, mas também à luxúria e ao sexo.

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O reboot de Jumanji e o desejo do reboot de nós mesmos

Eu me lembro muito bem de assistir ao filme Jumanji de 1995 (aquele com o Robin Willians que sempre passava na tevê aberta). Não posso dizer que era meu filme favorito e nem gostava tanto assim da animação da mesma franquia. Zathura, sequência praticamente espiritual, trás uma premissa semelhante. Ambos os filmes mostram crianças se arriscando em um jogo de tabuleiro que afeta o mundo real, sendo que perder significa arriscar a própria vida, além de não ser possível parar de jogar até chegar ao fim do jogo.

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Avatar, a Cidade perdida de Z, a selva e o homem

Quando assisti na sequência Avatar, filme de 2009, e A Cidade Perdida de Z, de 2016, não imaginei que fossem tratar de temas tão semelhantes. O primeiro longa metragem é uma super produção, inovadora em computação gráfica, que traz atores famosos, vencedor de Oscar e tudo o mais. O segundo é um filme que tem um maior enfoque na história de vida de um homem e de sua família, bem como em sua luta por reconhecimento.

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Medicina Macabra – Thomas Morris

Esse livro me foi dado por uma pessoa especial, que foi muito importante para mim durante uma fase difícil. Por esse e outros motivos, acho que esse compilado visceral de desventuras médicas dos séculos passados será também sempre especial.

O livro é Medicina Macabra, publicado pela Dark Side Books, editora que sempre me impressionou pela qualidade do material dos livros, diagramação, arte interna e capas. Trata-se de uma série de textos retirados de artigos científicos antigos, de 1600 até 1900, recheados de comentários para traduzir o linguajar médico ou só para adicionar um tempero cômico mesmo.

O livro é dividido em sete seções, denominadas jocosamente de “incisões”. A primeira é “Vergonha alheia”, onde se fala muito de aflições a saúde que envolvam órgãos sexuais. Depois temos “Insólita medicina”, que trata de casos bastante curiosos e de veracidade questionável a luz da medicina moderna. A seguir temos “Remédios irremediáveis”, que narra tentativas terapêuticas antigas que poderiam fazer mais mal do que bem. Na sequência temos “Cirurgias macabras”, com narrativas de procedimentos dolorosos ou inusitados. Interessante que essa seção mostra o quanto principalmente a cirurgia evoluiu e quão temida ela foi. Então há “Curas extraordinárias”, que trata de pacientes que se curaram ou sobreviveram de forma quase milagrosa. Já “Histórias macabras” e “Perigos escondidos” me pareceram seções com histórias bem distintas em suas narrativas, seja de acidentes que resultaram em lesões até descrições quase inacreditáveis na atualidade.

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O Rei Amarelo em Quadrinhos

O Rei Amarelo é mais uma coletânea de história em quadrinhos da Editora Draco. Semelhante a “O Despertar de Cthulhu”, também conta com apenas três cores, mas agora são branco, preto e amarelo. Inspirada no livro “O Rei de Amarelo” de Robert W. Chambers, as oito histórias dessa HQ tratam da peça fictícia homônima capaz de inspirar loucura em quem a lê. Quando escreveu os contos que compuseram seu livro, Chambers citou tal peça sem nunca descrevê-la totalmente ou redigir mais do que poucas frases e nomes que a compunham. Esse mistério serviu de inspiração para H. P. Lovecraft em seus mitos de Cthulhu, trazendo sempre livros e conhecimento de certa maneira proibidos, pois sua leitura seria capaz de trazer insanidade a mente do leitor.

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Medicine man: infelizmente atual

“Medicine man” é um filme norteamericano de 1992 que conta a história de um médico, Campbell, isolado em uma tribo indígena na floresta amazônica. Ele recebe a visita de uma bioquímica, Rae Crane, funcionária da mesma indústria farmacêutica que financia a pesquisa dele. Ela vem cobrar resultados e se espanta quando ele diz ter encontrado a cura para o câncer. Entretanto, os resultados estão difíceis de replicar e talvez a cura se perca para sempre.

O filme permanece infelizmente atual, mostrando o médico pressionado pela indústria que quer resultados vendáveis. Com cenário aparentemente na floresta amazônica brasileira, o longa metragem mostra duas ameaças não apenas ao trabalho do Dr. Campbell mas também à aldeia indígena onde está vivendo: a primeira é o desmatamento, com queimadas e derrubadas de árvores feitas durante a noite e que avançam da vez mais; em segundo lugar há o risco de epidemia que surge quando pessoas de fora vão para a aldeia, no caso a Dra Crane. Desde 1992, aparentemente nada mudou.

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